quarta-feira, 6 de março de 2013

A toxina botulínica é o veneno mais potente que conhecemos

Uma simples latinha de refrigerante cheia da toxina que tira as rugas faciais seria capaz de eliminar a humanidade

O produto mais conhecido para eliminar as rugas faciais baseado na toxina botulínica, empregado pelas estrelas de Hollywood e pela vizinha gostosona do quinto andar, todos sabemos, é o Botox. A capacidade que possui a toxina botulínica para produzir paralisia muscular dissimula as rugas, e portanto é um excelente tratamento cosmético, ainda que converte os rostos em algo bem como máscaras aristofânicas. A atriz Nicole Kidman, por exemplo, teve que abandonar as injeções de botox: "Ufa! Por fim consigo mover meu rosto de novo", teria dito.

A aplicação da toxina botulínica na medicina começou em 1973 pela mão do doutor Alan Scott no tratamento do estrabismo, e desde então suas aplicações médicas não deixaram de crescer: sudorese excessiva das axilas, distonia cervical, blefarospasmo e inclusive enxaquecas. Hoje, a toxina é comercializada em mais de 60 países, nos quais é utilizada contra outras alterações neuromusculares, além do que está indicada. Mais de 100 mil pacientes em todo mundo já foram tratados com ela.

No entanto, esta mesma neurotoxina, como arma química ou biológica, é considerada extremamente perigosa e arma de destruição em massa, proibida pela Convenção de Genebra e a Convenção sobre Armas Químicas. A toxina botulínica do tipo A é uma proteína produzida por uma bactéria chamada Clostridium botulinum, que contém a mesma toxina que causa a quase sempre mortal doença da intoxicação alimentar chamada botulismo.

Esta toxina é considerada o veneno mais potente que o ser humano já conheceu, ao ponto de que para matar uma pessoa basta apenas 1 nanograma da mesma (0,000001 mg/kg). Isto significa que 470 g da toxina seriam suficientes para matar mais de 6 bilhões de pessoas. Inclusive em algumas fontes, a dose letal da toxina botulínica poderia ser ainda menor (0,1 ng/kg): nesse caso, três colheradas seriam suficiente para eliminar à espécie humana. Esta dose letal varia se a toxina chega ao corpo por via respiratória, digestiva ou intravenosa.

O perigo é ficar assim
A injeção de Botox não produz este efeito porque é usado uma variante por via subcutânea. Há sete tipos de toxina botulínica, sorologicamente diferentes, designadas com as sete primeiras letras do alfabeto, da A ao G. As preparações comerciais de toxina botulínica contêm a proteína apurada. Para obtê-la, coloca-se a Clostridium botulinum em um meio nutritivo onde se multiplica durante uns dias até que o alimento se esgota e as bactérias morrem. A seguir, isolam o veneno, dessecam e o pó resultante é armazenado em pequenas ampolas. Durante o processo de purificação, fazem repetidas medições da potência da toxina para comprovar que seja segura e eficaz.

De modo que pode ficar tranqüilo: o veneno mais letal que conhecemos é suficientemente seguro quando vendido na farmácia.

A empresa que fabrica o Botox é a Allergan, Inc., tanto para uso terapêutico como cosmético. Em 2011, a empresa precisou de menos de 1 grama da toxina botulínica para suprir as necessidades do mundo todo nas 25 indicações aprovadas por agências governamentais ao redor do mundo.

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