terça-feira, 26 de março de 2013

Atores que nunca se livram de seus personagens

Com o papel de capitão (ou coronel) Nascimento, Wagner Moura ficou famoso no país todo. Mas ele vai precisar emplacar outros bons papéis para se livrar de uma maldição: a dos atores que todo mundo só conhece por seu papel mais marcante

Daniel Radcliffe, o Harry Potter 
O britânico Radcliffe foi revelado como ator interpretando um papel juvenil famoso na literatura. Engana-se, porém, quem pensa que foi o de Harry Potter – antes de viver o bruxinho, ele foi o David Copperfield, de Dickens, numa adaptação da TV BBC. Esse papel, é claro, ficou para trás: seis episódios depois, Radcliffe é Harry Potter, por mais que tente arrumar alguns papéis diferentes nos raros intervalos entre as filmagens da série. Chegou a aparecer nu na peça Equus, na Broadway – e as manchetes, apesar dos elogios dos críticos, seguiram mais a linha de “Potter tira a roupa em público”. Radcliffe ainda aparecerá em mais dois filmes da série. Fazer a sombra de Potter desaparecer será seu mais difícil passe de mágica.

 O elenco inteiro de Friends
Durante dez temporadas, eles dividiram um sofá na cafeteria Central Perk. Dezesseis anos depois do episódio de estreia, agora eles estão juntos de novo, no topo do pódio na lista de atores que não conseguem se livrar de seus papéis mais famosos. Senão, vejamos. Jennifer Aniston, a Rachel, não para de fazer filmes de sucesso, sempre como… Rachel. Os nomes sempre mudam, é claro, mas o papel é sempre o de mocinha na comédia romântica. Courteney Cox, a Monica, vive uma quarentona divorciada em Cougar Town, mas nunca convence. Matt LeBlanc, o Joey, só foi notícia nos últimos tempos porque brigou com um repórter que o chamou de – adivinhe – “Joey”. Por fim, há Phoebe, Ross e Chandler. Alguém aí tem notícia deles?

Christopher Reeve, o Super-Homem

Ator de formação erudita, Christopher Reeve estudou em Cornell, encenou Shakespeare na Grã-Bretanha e aprofundou seus estudos de arte dramática em Juilliard. Mas só ficou famoso mesmo quando vestiu um collant azul e uma sunguinha vermelha para encarnar o Super-Homem nos cinemas. Antes de fazer o papel, Reeve mal conseguia participar de testes para bons papéis. Depois de quatro filmes do “homem de aço”, até disputava alguns deles, mas raramente era escolhido: a identificação com o personagem era estreita demais. Era a imagem da força e da resistência, mas ficou tetraplégico ao cair de um cavalo em 1995. Transformado em herói da vida real – pela coragem ao enfrentar suas limitações -, morreu em 2004.


Macaulay Culkin, o menino Kevin

Um dos mais famosos atores mirins da história de Hollywood, Macaulay Culkin tornou-se a criança mais conhecida do planeta no começo dos anos 1990. Os dois primeiros filmes da série 'Esqueceram de Mim' renderam centenas de milhões de dólares nas bilheterias e transformaram Macaulay em astro. Entre um e outro, Macaulay ainda fez um papel de sucesso em 'Meu Primeiro Amor'. Depois, porém, sua carreira entrou num constrangedor declínio. O problema? Macaulay cresceu. O adorável menino Kevin virou um garoto meio chato em 'Riquinho Rico' e um adolescente bem esquisito no clipe 'Sunday', da banda Sonic Youth. Desde então, esqueceram dele em Hollywood: Macaulay fez só mais três filmes pouco badalados.


Ralph Macchio, o Daniel San, e Pat Morita, o Sr. Miyagi

Aprendiz e mestre também participam desta lista. Afinal, os filmes da série 'Karatê Kid' criaram uma dupla inesquecível: o desajeitado Daniel LaRusso, improvável campeão de artes marciais, e o zen Miyagi, fonte inesgotável de sabedoria oriental de botequim. Depois de Karatê Kid, Ralph Macchio fez apenas um papel de sucesso – como coadjuvante -, na premiada comédia 'Meu Primo Vinny'. Desde então, sua carreira se resume a pequenas pontas em seriados. Morita teve um outro papel marcante antes de Miyagi, na série 'Happy Days'. Mas nunca mais deixou de ser visto como o mestre – além de fazer 'Karatê Kid IV' (com Hillary Swank), dublou um “sensei” até num episódio de 'Bob Esponja'. Morita morreu em 2005.


Leonard Nimoy, o Spock 

Meio humano, meio vulcano. Orelhas pontudas e sobrancelhas que parecem apontar para o espaço. E o amor incondicional de uma legião fanática de seguidores. Leonard Nimoy não poderia imaginar o que viria pela frente quando aceitou fazer o papel de Spock em 'Jornada nas Estrelas'. A identificação com o papel foi tão profunda que o ator enfrentou uma crise de identidade, conforme confessou em sua primeira autobiografia, Eu Não Sou Spock, de 1977. Os fãs ficaram loucos: para quem só leu o título e não quis comprar o livro, parecia que Nimoy estava rejeitando o tão adorado personagem. Não era o que ele falava no livro. Para não deixar dúvidas, porém, Nimoy escreveu outra biografia em 1995. O título? Eu Sou Spock.


Robert Pattinson, o Edward, e Kristen Stewart, a Bella

Nos cinemas, a saga 'Crepúsculo' ainda nem chegou ao fim – o terceiro dos cinco filmes, 'Eclipse', chegou às telonas neste ano, e a segunda parte do último capítulo saiu em 2012. Não importa: por mais que tentem, Rob Pattinson e Kristen Stewart sempre serão reconhecidos como o casal Edward e Bella pela legião de garotas apaixonadas pela série. Tanto Pattinson quanto Kristen têm vários outros filmes no currículo – principalmente ela, que apareceu em boas produções nos últimos anos. Outra chance de mudar de ares foi dada pelo brasileiro Walter Salles, que escalou Bella – ops, Kristen – na adaptação do clássico da literatura beat 'On The Road'. Como não há vampiros na história, Rob vai ficar de fora dessa.

Anthony Perkins, o Norman Bates

Já seria difícil deixar para trás a imagem de um psicopata que mantém a mãe morta em casa. Quando a trama em questão produz um dos maiores clássicos da história do cinema, o desafio é maior ainda. Anthony Perkins ainda tentou se livrar da sombra de Norman Bates – tanto que participou de alguns bons filmes nos anos que se seguiram ao lançamento do inesquecível suspense de Hitchcock. No fim, acabou cedendo e retomando o papel mais de 20 anos depois, em 'Psicose II'. Nos anos 1980, ainda topou fazer 'Psicose III' e 'Psicose IV' (esse último, só na TV). Assim como a mãe do personagem dominava a cabeça do psicopata no primeiro filme, o personagem parece ter tomado conta do ator, que morreu em 1992.


Mark Hamill, o Luke Skywalker

Ele era dublador de desenhos animados e coadjuvante em programas de TV. Em 1977, porém, Mark Hamill ganhou de George Lucas a chance de encarnar o herói Luke Skywalker em 'Guerra nas Estrelas'. O sucesso inesperado do filme, que virou um fenômeno mundial, deu origem a outras duas partes da trilogia original 'Star Wars' – mas acabou com qualquer chance de Hamill emplacar em outro papel. Enquanto seu companheiro de cena mais famoso costurava uma carreira sólida – além de Han Solo, Harrison Ford foi também Indiana Jones e o doutor Richard Kimble de 'O Fugitivo', entre outros -, Hamill não conseguia se livrar da ligação com Luke. Chegou a desistir dos filmes e trocar Hollywood pelas peças da Broadway.


Rowan Atkinson, o Mr. Bean

Estudante de Ciências em Oxford nos anos 1970, Rowan Atkinson trocou a carreira acadêmica pela comédia ainda na universidade. Engatou uma carreira variada e prolífica, trabalhando no rádio e na televisão, onde fez dezenas de diferentes papéis de sucesso. Em 1990, porém, apareceu pela primeira vez na telinha como 'Mr. Bean', um personagem cheio de manias e tiques, que sempre se envolvia em situações constrangedoras. Mr. Bean ganhou programa próprio e a imagem de Atkinson no papel rodou o mundo. A partir daí, ficou difícil convencer como qualquer outro personagem – pelo menos fora da Grã-Bretanha. Mas Atkinson não reclama: ganhou muito dinheiro com os programas e com os dois filmes do Mr. Bean. [veja.abril/Giancarlo Lepiani]

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