sexta-feira, 15 de março de 2013

Cientistas que foram perseguidos pela religião

A religião não costuma pisar no jardim da ciência sob pena de perder seu status

Quando a religião afirma fatos, e estes entram em conflito com a evidência científica, então a religião pode perder adeptos e isso não é bom para manter a sacolinha cheia. No entanto, algumas vezes em que a religião tomou partido nas afirmações científicas, suas maneiras foram, para não ser grosseiro, um tanto agressivas. Queimaram, torturaram, mataram, ... essa classe de agressividade.

Galileu Galilei
Por exemplo, Giordano Bruno 'comeu o pão que o diabo amassou' por crer, entre outras coisas, que a Terra girava ao redor do Sol e não ao contrário (ainda hoje há quem defenda esta ideia), como asseguravam determinados credos religiosos. Bruno ficou 8 anos preso enquanto julgavam o mérito de sua acusação de traidor e herege. Muitas vezes ofereceram o perdão caso se retratasse, mas ele não se submeteu. Sabendo que ia ser queimado vivo, seguiu em seu firme apego ao que ele considerava verdadeiro. Foi executado no dia 17 de fevereiro de 1600 (Se fosse comigo, confessava que era geocentrista desde criancinha. ;-))

William Tyndale também passou por maus bocados por traduzir a Bíblia para o inglês. E também foram perseguidos ou proibidos pela Igreja cientistas e pesquisadores como Copérnico, Kepler e Descartes.

A vítima mais famosa da Inquisição foi, provavelmente, Galileu. Mas não precisou muito para que tivesse um final feliz: só lhe "mostraram" os instrumentos de tortura e lhe concederam a oportunidade de retratar-se por ter acreditado que o Sol é o centro do mundo e está imóvel, e que a Terra não é o centro e se move.

Potro: um antigo instrumento de tortura utilizado pela Inquisição Católica para extrair confissões
É natural que Galileu se retratasse, não era louco. Muitos de nós teriam feito o mesmo ante a simples visão do potro (vide figura acima). Pois se crê muito valente, preste atenção à descrição que o escritor e viajante William Lithgow, contemporâneo de Galileu, fez do potro:
"Ao acionar a alavanca, a força central de meus joelhos contra as duas tábuas partiu-me ao meio os tendões dos músculos, e as rótulas dos joelhos acabaram esmagadas. Meus olhos saltaram das órbitas, espumava pela boca e rasqueava os dentes como o retumbar de um tambor. Meus lábios tremiam, gemia com veemência e o sangue brotava-me dos braços, mãos, joelhos e tendões rompidos. Depois de liberar dessas dores cruciantes, largaram-me no chão com as mãos atadas e essa incessante súplica: 'Confessa! Confessa!'"

Quem não confessaria?

"Ainda que muitos protestantes fossem vítimas de tais torturas, quando gozaram da posição dominante, infligiram esse mesmo tratamento, e com o mesmo entusiasmo, a outros, incluídas cem mil mulheres que, entre os séculos XV e XVIII, morreram queimadas na fogueira acusadas de bruxaria.

Mas a tortura institucionalizada na cristandade tinha fundamentos morais. Torturar uma pessoa até que admitisse a "verdade" equivalia a lhe fazer o maior favor de sua vida, ou seja, melhor sofrer agora do que por toda a eternidade. E calar uma pessoa antes que ela corrompesse outras, era uma "medida responsável de saúde pública."

Felizmente, esses tempos escuros já passaram. As pessoas continuam se ofendendo e melindrando em suas crenças, afinal ofender é um efeito colateral da liberdade de expressão, mas já não decidem torturar ou matar aos que afirmam algo que não lhes parece oportuno - ainda que ainda existam algumas teocracias onde isso ainda não é assim. Hoje os cristãos são os devotos mais perseguidos no mundo, principalmente no oriente e na África. [ndig]

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