Cientistas criaram uma vacina "revolucionária", que pode proteger as pessoas contra as consequências letais da malária e ainda salvar centenas de milhares de vidas por ano
A vacina foi desenvolvida a partir de estudos feitos com os anticorpos das crianças da Tanzânia, que são naturalmente resistentes à doença.
Os investigadores disseram que uma vacina experimental, a partir desses dados, já foi testada em camundongos e, nas próximas 4 ou 6 semanas, acredita-se que será possível obter os resultados dos testes feitos em macacos. Isso significa que a vacina está cada vez mais próxima dos seres humanos.
O Dr. Jonathan Kurtis, diretor do Rhode Island Hospital's Center, na área de pesquisas em saúde internacional, disse que os testes nos macacos vão bem e que ele acredita que, dentro de um ano e meio, já poderão testar em um pequeno grupo de pessoas.
A malária é uma das doenças que mais mata no mundo, atingindo mais de 620 mil pessoas por ano. Estima-se que a cada minuto, uma criança na África morre em decorrência da doença, e as outras que sobrevivem passam por graves problemas de saúde quando se tornam adultas.
Os parasitas microscópicos da malária são depositados no ser humano por meio da saliva dos mosquitos fêmeas e entram na corrente sanguínea pela sua picada. Eles alcançam o fígado e infectam as células vermelhas do sangue, replicando absurdamente dentro de cada célula, levando ao seu rompimento e espalhando mais parasitas. “Uma vez que o parasita da malária tem um ciclo de replicação complexo, existem vários pontos no ciclo que são vulneráveis à interferência de um anticorpo, seja ele natural ou induzido por uma vacina”, afirma Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.
Ao encontrarem a proteína nos anticorpos das crianças da Tanzânia, nomeada PfSEA-1, os cientistas perceberam que, quando são enviados pelo sistema imunitário para atacar essa proteína, os anticorpos conseguem prender os parasitas no interior das células vermelhas do sangue, bloqueando a progressão da doença.
Com relação à descoberta da nova proteína, os pesquisadores também examinaram amostras de sangue de 138 meninos e homens de uma área também endêmica de malária do Quênia. Aqueles com níveis detectáveis de anticorpos naturais para PfSEA-1 tiveram níveis 50% mais baixos de parasitas do que aqueles que não tinham.
Dr. Kurtis expressou esperança sobre as perspectivas de uma vacina visando essa proteína, mas disse que a melhor vacina no futuro, provavelmente, combinará esta abordagem com os outras mais para atacar o parasita em várias frentes.
Ele observou que não há atualmente nenhuma vacina licenciada para essa infecção parasitária. [JC]
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