Um babuíno tem vivido com o coração de porco instalado em seu abdômen há mais de um ano
Esqueça a expressão “espírito de porco”. A tendência agora é que nós, seres humanos, tenhamos corações suínos. Cientistas do Programa de Pesquisa de Cirurgia Cardiotorácica do Instituto do Coração, Pulmão e Sangue nos Estados Unidos relataram que um babuíno ainda está vivo depois de receber um coração transplantado de um porco.
Sua longevidade é um marco. Anteriormente, quando os pesquisadores tentaram transplantar corações de porcos em primatas, os corpos dos animais rejeitavam os transplantes dentro de seis meses. Em última análise, os pesquisadores querem fazer corações de suínos para transplante em humanos. Os porcos poderiam fornecer uma maior oferta do órgão do que doadores humanos, fechando a trágica lacuna entre a oferta e a demanda.
Nos EUA, cerca de 3 mil pessoas estão na lista de espera para um transplante de coração, mas apenas cerca de 2 mil corações se tornam disponíveis a cada ano, de acordo com a instituição que conduziu o estudo. Aqueles que estão esperando podem usar dispositivos mecânicos, mas estes não são perfeitos.
De acordo com relatórios da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, no país, até março de 2014, havia 262 pacientes ativos em lista de espera por um novo coração. No primeiro trimestre deste ano, foram realizados 70 transplantes de coração no Brasil. Desde 2004, foram documentadas outras 6.693 operações do gênero.
Resposta imunológica
Corações de suínos são promissores porque se aproximam o suficiente da anatomia dos corações humanos. Os médicos também já usaram válvulas cardíacas retiradas de porcos e vacas em cirurgias humanas. Parece, no entanto, que os corações de suínos são um pouco estranhos para os órgãos dos primatas os aceitarem facilmente.
Em estudos anteriores, os corações provocaram uma resposta imune massiva nos primatas para os quais foram transplantados. Essas respostas podem ser mortais e elas têm sido um grande obstáculo para o desenvolvimento dos transplantes de coração de porco. Ainda temos muito anos pela frente antes que corações de suínos estejam prontos para pacientes humanos – isso se um dia chegarmos a esse ponto.
Para fazer corações que os babuínos – e, no futuro, seres humanos – não rejeitassem, a equipe do Instituto do Coração, Pulmão e Sangue trabalhou com porcos especialmente projetados para terem alguns genes humanos e não terem alguns genes de porco. Os pesquisadores também deram aos seus babuínos medicamentos para suprimir seu sistema imunológico. (Pacientes humanos tomam medicamentos imunossupressores quando passam por transplantes de órgãos, de modo que a prática não é incomum.)
O que teria feito os transplantes funcionarem foi este equilíbrio entre engenharia genética e drogas supressoras do sistema imunológico. Os estudiosos relatam que quando tentaram usar outros regimes de medicamentos, seus babuínos morreram em menos de um ano. Os babuínos que receberam corações de porcos não geneticamente modificados rejeitaram os corações dentro de apenas um dia.
Agora que a equipe mostrou que corações de suínos são capazes de ficar dentro de primatas de forma segura, o próximo passo será realmente substituir os corações dos babuínos por corações de porcos. O babuíno deste estudo tem um coração de porco em seu corpo ao lado de seu próprio coração, que está fazendo todo o trabalho.
Tal estudo ainda não foi publicado em uma revista renomada ainda, mas seus autores o apresentaram no final de abril na reunião anual da Associação Norte-Americana de Cirurgia Torácica. [The Telegraph, Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, PopSci][Hypescience]
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