terça-feira, 6 de maio de 2014

Uma pílula que nos ajuda a aprender tão rápido como quando éramos crianças

A pesquisa de Hensch é um dos mais intrigantes exemplos de como nosso entendimento da neuroplasticidade do cérebro evoluiu


Takao Hensch, um professor de biologia celular em Harvard, descobriu que medicamentos utilizados para tratar o Alzheimer, como o donezepil, podem ajudar a regressar a química do cérebro à dos "períodos críticos” de seu desenvolvimento. Nesses períodos, as crianças menores de 7 anos podem aprender novas habilidades como linguagem e música bem mais rápido do que os adultos.

Até há 20 anos, os cientistas pensavam que após a chegada da puberdade a estrutura de nossos cérebros se congelava. Mas estudos mais recentes mostraram que nossos cérebros continuam se transformando ao longo de nossas vidas, ainda que não da mesma forma quando éramos menores.

O que Hensch espera fazer é induzir nosso cérebro a viajar no tempo, retornar a nossos anos ultra-flexíveis. O cérebro não se congela quando crescemos, senão que pisa no freio em alguns momentos. O cérebro é elástico, mas durante a evolução criou um monte de moléculas para assegurar que não mude demais.

Uma das preocupações com respeito ao tratamento é que o cérebro mude demais, apagando a personalidade do paciente no processo. Mas isso não aconteceu nos estudos e ainda que os mesmos implicam o uso de medicamentos, planeja-se que eventualmente tenha um treinamento através de videogames que vise gerar os estados críticos sem necessidade de utilizar drogas.

Nafissa Ismail, da Universidade de Ottawa, diz que este tipo de hack de período crítico deveria ser visto com expectativa e cautela. A plasticidade de um cérebro jovem é um arma de fio duplo: ainda que seja mais fácil aprender certas habilidades, o estresse ambiental e social pode danificá-los bem mais profundamente.

É ainda muito cedo para saber se os benefícios do tratamento superarão seus custos. É pouco provável que as pessoas sem sérios problemas médicos queiram consumir drogas a fim de poder tocar prodigiosas sonatas no piano. Mas Hensch diz que está sendo procurado por vítimas de infartos cerebrais e outros padecimentos que querem dar a seu cérebro uma segunda oportunidade. Via | The Atlantic [ndig]

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