sexta-feira, 17 de maio de 2013

Curiosidades de um país de loucos - a medicina brazuca

Seguindo a lógica em disfarçar a verdade e maquiar os resultados, o nosso governo quer importar 6 000 médicos cubanos 

O Revalida

Desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por um exame chamado Revalida.

Sabem o que aconteceu no último exame? Dos 884 candidatos inscritos para a edição de 2012 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições Estrangeiras, apenas 77 terão o direito de exercer a medicina no Brasil. Segundo dados do INEP, o percentual de aprovação foi de 8,71%, isto é, de cada 100 médicos que prestaram o exame, menos de 9 conseguiram a revalidação – um resultado desastroso. 

Para o presidente do Conselho Federal de Medicina, o desempenho ruim é fruto da má qualidade do ensino em países como a Bolívia e Cuba. "O ensino na Bolívia é uma tragédia, não tem aula prática, só teoria, não tem professores suficientes para a enorme quantidade de alunos. Em Cuba também é complicado, primeiro porque a seleção é meio esquisita, parece que pela indicação de políticos. Segundo, a formação é bem diferente da nossa". 

Qual a solução?

Então, como resolver o problema dos 6 000 médicos cubanos que, provavelmente, não seriam aprovados? Muito simples: vamos dispensá-los do exame de revalidação, assim eles não serão reprovados - uma vergonha!

A saúde pública no Brasil está falida há tempos e, nos últimos 10 anos, descambou de vez, está na UTI com falência múltipla. Tanto que nossos políticos, quando tem crise de soluço, vão ao Sírio Libanês. 

Em vez de dar condições para que médicos brasileiros trabalhem nos cantos mais distantes do território "auri verde", eles querem trazem profissionais sem gabarito acostumados a trabalhar no caos, no atraso tecnológico e profissional.

Os Cubanos são apenas agentes ideológicos que serão enfiados nos cantos mais atrasados do país para socializar a cabeça de populações carentes de tudo, principalmente de cidadania. 

Sugestão

Se formos trazer de outros países tudo aquilo que venha cobrir o que é deficitário, quebrado, ou falido no Brasil, que tal trazermos políticos da Suécia?




Post do Leitor

A leitora que escreveu o texto abaixo é médica e pede para seu nome não ser divulgado. Como o conteúdo me pareceu interessante e pertinente, transcrevo-o aqui:

“…se for pra continuar com essa estrutura, não contratem médicos, por favor, contratem mágicos, porque o circo já está montado…”

Sou médica na área rural de uma cidade de grande porte, referência na região.

Apesar disso, me asSUSta ter de conviver diariamente com falta de medicações e material para abordar o trivial, tal como uma infecção urinária em gestantes, uma sutura simples ou uma urgência hipertensiva.

Exames de imagem? Meses e meses de espera.

Laboratoriais (sangue, urina…)? Quando o resultado chega, o paciente nem lembra mais que fez a coleta.

Abordagem multidisciplinar? Vou sonhando…

Eu poderia gastar longas e infrutíferas linhas enumerando os obstáculos com os quais convivemos diariamente como profissionais de saúde. Difícil acreditar que moramos em um dos países que mais cobra impostos de seus cidadãos.

Tenho colegas espalhados no país inteiro que confirmam: o cenário se repete!

Diante disso, fico inconformada quando leio algumas colocações sobre a contratação dos médicos cubanos pelo governo Dilma.

Rotulam os médicos brasileiros de “capitalistas”, “alienados”, “improdutivos”, diante dos cubanos que são seres angelicais sem ambição nenhuma, supereficientes (apesar de não conseguirem passar na prova do Revalida) e com uma sede insaciável de cuidar do próximo – tudo que precisam é de um estetoscópio e um bom charuto para exercerem uma medicina que vai salvar a nossa pátria.

Vejam só, temos mágicos nas ilhas caribenhas!

Ah, que infeliz inocência…

Mas, deixando meu sentimentalismo de lado, já que sou aparentemente só mais uma “fria, má e calculista” médica brasileira, concluo que isso já é o de menos.

O que me deixa indignada é a clara percepção de que essas ações populistas (sim!) serão mais um episódio da série “Tapando o sol com a peneira” da história do nosso Brasil, presente no governo dos mais diversos partidos e em diferentes momentos.

É muito mais chamativo, pra não dizer romântico (e pra não dizer angariador de votos), contratar os “médicos bonzinhos” de Cuba, levar o “dotôr que habla español” pra dona Maria que mora lá no meio sertão e sente uma “um jeito ruim na cabeça” e “uma febre por dentro” na época da estiagem do que

… estruturar o SUS da maneira que ele precisa;

… do que investir nas universidades federais e na saúde como um todo;

… do que dar educação para os brasileiros entenderem tudo isso e pararem de votar em representantes que acumulam acusações judiciais e distribuem “bolsas-não-sei-o-que-lá” pra deixar o povão mais satisfeito.

Eu, como médica, mesmo em início de carreira, já cansei de ter minhas mãos atadas por esse sistema, que freqüentemente obriga seus usuários a chegarem às últimas conseqüências para conseguirem um leito hospitalar ou uma cirurgia.

Dói ser rotulada a vilã dessa história, dói ter que dizer aos meus pacientes que seu tratamento vai ser adiado por falta disso ou daquilo (e não de médicos), dói ter estudado uma vida toda pra não poder agir conforme o ideal.

Ah, tem muita coisa que a “suposta falta de médicos” não explica, especialmente quando se tem muito mais médicos por habitante do que a OMS preconiza. Um médico, por mais bem intencionado que seja, não resolve muita coisa com uma maca capenga no meio do mato e meia dúzia de folhas de receituário.

Enfim, se for pra continuar com essa estrutura, não contratem médicos, por favor, contratem mágicos, porque o circo já está montado, os palhaços vestem branco e a platéia morre, ansiando por um milagre.

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