domingo, 3 de fevereiro de 2013

Sobe para 237 o número de mortos no incêndio da Kiss

Morreu na noite deste sábado (2) mais um dos feridos no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria

Bruno Portella Fricks é a 237ª do incêndio na boate Kiss - Reprodução/Facebook
Bruno Portella Fricks, 22, que estava internado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, morreu por volta das 22h. Com isso, o número de vítimas fatais da tragédia vai a 237. 

Pelo menos 113 pacientes feridos pelo incêndio permanecem internados em hospitais do Rio Grande do Sul neste sábado (2), segundo a Secretaria Estadual de Saúde, com informações da Força Nacional do SUS e da Central de Regulação do Estado. Dez pacientes receberam alta entre a noite de sexta-feira (1º) e a manhã deste sábado (2).

Entenda: a culpa dos que ficaram 


"Não deveria ter deixado meu filho sair". "Eu deveria ter morrido com eles ou no lugar deles". Essas frases podem estar passando pela cabeça de muitos sobreviventes ou familiares de vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O fenômeno conhecido como 'culpa do sobrevivente' é comum, segundo especialistas, mas merece cuidado, já que pode até levar ao suicídio.

O termo surgiu na 2ª Guerra Mundial. O psiquiatra e diretor-secretário da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Luiz Carlos Coronel diz que soldados viam seus parentes e amigos morrendo em batalha e se perguntavam: "Por que eu sobrevivi?".

O psicólogo e professor da PUC-RS Christian Haag Kristensen afirma que, além de culpa, é comum sentir vergonha, revolta e raiva. E, segundo ele, não é incomum pessoas se suicidarem nessa situação. "Este seria um caso de urgência e emergência psiquiátrica, assim como uma reação psicótica. São casos que precisam de avaliação e tratamento especializado", alerta.

Extintores da boate não funcionavam 

Polícia Civil diz que extintores de boate em Santa Maria (RS) "não funcionavam ou eram falsificados".
Extintores supostamente falsificados, falta de iluminação de emergência e o uso de sputniks de uso externo, "por uma questão de economia", foram as principais irregularidades destacadas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na boate Kiss em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29). O incêndio causou a morte de 234 pessoas - a maioria jovens universitários.

Sem saber, agricultor resgatou irmão 

O agricultor Jovani Rosso, de 26 anos, estava entre aqueles que conseguiram escapar da boate sem maiores ferimentos. Quando percebeu que muitos não estavam conseguindo deixar a casa noturna em chamas, Rosso decidiu entrar para ajudar. Colocou a camisa no rosto para tentar se proteger da espessa fumaça e passou a retirar o máximo de pessoas que podia.

"Havia muita fumaça. Eu entrava até o meu limite, uns 30, 40 metros no máximo e ia puxando as pessoas para fora. Elas estava todas deitadas, nenhuma se mexia, algumas estavam pretas, queimadas", disse. "Eu só pensava em salvar as pessoas, o máximo que eu pudesse, nem me importei muito com o resto."
A fumaça impedia que ele conseguisse ver quem ele estava resgatando. Pouco depois, ele teria uma surpresa: em vídeos gravados pelos populares e publicados na internet, viu que seu irmão estava entre as pessoas puxadas da boate por ele e outras pessoas.

A situação atual

Dos 113 internados, 41 estão em enfermaria e 72 na UTI. O número total de pacientes que respiram sem ajuda de aparelhos é de 73, incluindo 32 que estão na UTI e 41 em enfermaria. 
As principais alterações em relação ao boletim divulgado na tarde de sexta-feira (1º) são o registro de algumas altas entre os pacientes atendidos em Santa Maria e a redução do número de pacientes que respiram com ventilação mecânica em Santa Maria, Porto Alegre e Caxias do Sul. 

Antídoto 

O antídoto para cianeto - gás tóxico inalado pelas vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria - chegou ao Rio Grande do Sul no início da tarde deste sábado (2). Setenta doses serão usadas nos pacientes internados nos hospitais da capital, e outras 70 vão para para Santa Maria. 
Os kits vieram dos Estados Unidos, desembarcaram em Brasília pela manhã e foram levados imediatamente para a base aérea de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Fica uma dúvida na minha cabeça: por que só agora, uma semana após a tragédia, chegaram esses kits tão importantes?

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