sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Por que a genialidade e a loucura estão tão unidas?

Os mais célebres gênios criativos da história eram doentes mentais

Van Gogh bebeu  terebentina, tentou comer tinta e cortou parte de sua orelha
Renomados artistas, como Vicent Van Gogh e Frida Kahlo, e grandes gênios, como Virginia Woolf, John Nash, Beethoven e Edgar Allan Poe, podem ser enquadrados nesse contexto.
John Nash lutou com sua esquizofrenia

Hoje, a conexão entre genialidade e loucura já não é vista como mero acaso. Pesquisas mostram que esses dois extremos da mente estão realmente ligados, e os cientistas estão começando a entender o porquê. Um grupo de especialistas debateu esse tema em um evento realizado no em Nova Iorque, como parte do 5º Festival Anual Mundial de Ciência.

A psicóloga clínica e professora da Johns Hopkins University School of Medicine, Kay Redfield Jamison, mostrou que os resultados de 20 ou 30 estudos científicos endossam a noção do “gênio atormentado”. Das muitas variedades de psicose, a criatividade parece estar mais fortemente ligada a transtornos de humor, especialmente o Transtorno Bipolar, doença com a qual Jamison já foi diagnosticada.

Um estudo testou, por exemplo, a inteligência de 700 mil suecos de 16 anos de idade. Após uma década, buscou-se saber quais deles haviam desenvolvido alguma doença mental.
Beethoven lutava com o transtorno 
bipolar e namorava o suicídio

Os surpreendentes resultados foram publicados em 2010. “Eles descobriram que pessoas que se sobressaiam com 16 anos eram quatro vezes mais propensas a desenvolver o Transtorno Bipolar”, afirmou a pesquisadora.

O Transtorno Bipolar causa dramáticas oscilações de humor. A pessoa vai da felicidade extrema à depressão grave.

Mas como isso poderia gerar um ciclo de criatividade? Um estudo apresentado por outro palestrante, o neurobiólogo da Universidade da Califórnia, James Fallon, sugere uma resposta. “As pessoas com esse problema tendem a ser criativas quando estão saindo de uma depressão profunda”, explicou Fallon.

Quando o humor do paciente bipolar melhora, seus ciclos de atividade cerebral também se desenvolvem. A atividade diminui na parte inferior do cérebro, conhecida como lobo frontal, e cresce numa parte superior. “Existe um nexo nessa dinâmica que tem a ver com bipolaridade e criatividade”, ressaltou o pesquisador.
Isaac Newton sofria de tendências 
psicóticas e alterações de humor
Com relação à maneira como os padrões cerebrais se transformam em pensamento consciente, Elyn Saks, professor de Direito da Saúde Mental da Universidade da Califórnia do Sul, explicou que as pessoas com psicose não filtram os estímulos como a população normal.

Ao mesmo tempo, são capazes de entender e conectar as ideias contraditórias, ligando as associações soltas do cérebro, ato que o cérebro da maioria não veria lógica e por isso não enviaria para a consciência. “E se a invasão do absurdo no pensamento consciente pode ser esmagadora e perturbadora, pode também promover a criatividade”, disse Saks, que desenvolveu esquizofrenia durante a sua juventude.

Por exemplo: em uma pesquisa, foi pedido aos participantes para listar todas as palavras que viessem à mente tendo relação com determinada palavra de estímulo (como tulipa). O resultado demonstrou que os pacientes bipolares leves podem gerar três vezes mais associações de palavras em um dado período de tempo do que as pessoas em geral.

Segundos os cientistas, mesmo com os benefícios da genialidade, os indivíduos nem sempre consideram que os seus momentos de brilho valem à pena frente ao extenso sofrimento que vem junto. Saks concluiu dessa maneira: “Acho que a criatividade é apenas uma parte de algo que é essencialmente ruim”. [JornalCiencia]

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