segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Devoradores de chocolate superam produção de cacau

Oferta global do fruto é menor do que a demanda, que é puxada pelo aumento do consumo em emergentes como Brasil e China

A Chocolaterie Pascoët, pequena fábrica de chocolate em Genebra, estava uma correria no mês passado, com as encomendas do Natal. Em silêncio completo, os operários embalavam chocolates finos que seriam vendidos a US$ 32 (cerca de R$ 76) por caixa com 20 bombons.

O ritmo também era veloz em Broc, a 135 km dali, onde uma fábrica da Nestlé faz chocolate desde o início, com grãos crus de cacau e leite de vacas que pastam nos prados alpinos vizinhos.

O que a fábrica da Nestlé produz em um dia é mais que as vendas anuais da Pascoët. Mas as duas fabricantes estão unidas em sua necessidade de cacau, produzido em países pobres agrupados em uma faixa estreita ao longo do Equador, liderados por Costa do Marfim, Gana e Indonésia.

O problema é que, no mundo todo, os analistas dizem que a oferta de chocolate não vem conseguindo acompanhar o apetite das pessoas, devido à escassez de cacau.

Uma das causas é a queda do rendimento nas safras da Costa do Marfim, onde o investimento é insuficiente e as chuvas não têm colaborado.

O cacau responde por cerca de 10% do preço de uma barra média de chocolate, mas há que se levar em conta que o chocolate escuro está se tornando cada vez mais popular. Algumas variedades contêm mais de 80% de cacau, piorando a situação.

Assim, os preços do chocolate em alguns mercados, como o americano, estão 40% maiores do que no fim de 2012.

José Lopez, vice-presidente-executivo de operações da Nestlé, diz estar confiante em que o mercado resolverá o problema da escassez, porque preços mais altos farão os agricultores ampliarem a sua produção de cacau.

Embora o consumo ocidental de chocolate esteja crescendo devagar, os mercados emergentes estão florescendo. O 1,3 bilhão de habitantes da China, por exemplo, hoje consomem em média apenas 44 gramas de cacau ao ano, per capita. Mas o mercado se expande com rapidez.

Os analistas antecipam que a demanda por chocolate cresça em pelo menos 10% na China, no Brasil e na Índia, nos próximos anos. Se o nível de consumo de chocolate desses países começar a se aproximar da média ocidental, a produção mundial de chocolate seria insuficiente para atender à demanda.

Isso pode tornar ainda mais caras as delícias da Chocolaterie Pascoët. [folha.uol]

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