Desde o dia em que os humanos perceberam que podiam cobrir suas bundas com peles de animais menores, ficaram divididos entre roupas puramente utilitárias e aquelas que são mais bonitas do que a coleguinha do lado
Parece que as tendências de moda nos dias de hoje não são nada mais do que exibicionismo inútil, mas você pode se surpreender ao descobrir que muitas surgiram de uma necessidade genuína. Confira:
5. Salto alto
Mesmo a mulher mais elegante vai admitir que saltos altos são uma dor constante. Além do desconforto e de calos certos, eles podem causar danos permanentes nos nervos e articulações. Mas eles alongam as pernas e empurram o bumbum para cima e para fora, o que totalmente vale o risco de ferimentos graves, de acordo com aficionadas por salto de todos os cantos do mundo.
Mas, originalmente, saltos altos não foram criados para mulheres. Não só eles eram de domínio exclusivo dos homens, como eram de domínio exclusivo dos mais machos: os soldados.
“O salto alto foi usado durante séculos em todo o Oriente Médio como uma forma de calçado para andar de cavalo”, explica Elizabeth Semmelhack, do Museu Bata Shoe de Toronto (Canadá).
Tudo começou na Pérsia, onde os guerreiros que andavam a cavalo tinham dificuldades em manter sua posição enquanto erguiam seus arcos e flechas. Eles criaram sapatos com um entalhe para encaixar no estribo, o que lhes permitia se equilibrar corretamente em seus cavalos até de pé.
Quando a Pérsia embarcou em sua primeira missão diplomática à Europa Ocidental no século 16, os membros da realeza que viram os sapatos adoraram a novidade. Eles acrescentaram seu próprio toque elegante ao aumentar a altura dos saltos para que todos soubessem que seus usuários eram pessoas de status que não precisavam se incomodar com coisas comuns como caminhar por muito tempo ou funcionar corretamente em sociedade. As mulheres realmente só começaram a usá-los quando se tornou moda se vestir de forma andrógina. Isso mesmo: as mulheres começaram a usar saltos altos para parecer mais masculinas.
4. Gola polo para cima
A camisa polo é o uniforme padrão da classe média-alta: clássica, apropriada, vagamente desportiva (mas não barbaramente atlética). E, quando o horário de expediente acaba e é hora de relaxar, é só puxar a gola para cima e pronto: estilo descolado imediato.
Mas, originalmente, havia uma utilidade a este “estilo”. O tenista René Lacoste é creditado como o inventor da camisa polo, que causou bastante furor quando foi introduzida em 1926. Tenistas costumavam ter que usar uma vestimenta desconfortável e impraticável: camisas engomadas pesadas de mangas compridas, rígidas.
Rene não gostava de jogar tênis em um conjunto de pano que mais parecia uma armadura, e se propôs a criar uma camiseta de manga curta bem ventilada, leve e que realmente tivesse alguma funcionalidade para uma pessoa que balança os braços o dia todo no sol. Um componente chave da sua ideia era uma gola flexível, que pudesse ser levantada para proteger o pescoço do jogador do sol. É isso mesmo: o primeiro cara que levantou a gola de sua camisa não só fez isso intencionalmente, mas por um motivo prático e não fútil.
A prática de usar a camisa polo com a gola dobrada não pegou até que espectadores ricos, para os quais evitar ambientes exteriores era uma razão de ser, adotaram o estilo. O cara com uma camiseta com a gola para cima com a certeza mais absoluta do mundo não sabe, mas tecnicamente está fazendo a coisa certa – e você, gentil alma que usa sua gola modestamente dobrada, está inconscientemente imitando um bando de ricos que não gosta de ar livre.
3. Moicano
Desde o final dos anos 70, o moicano é o penteado de escolha de muitas pessoas que gostam de música punk, desafiam autoridade e outros estilos de vida semelhantes. Mas o moicano – Mohawk, em inglês – remonta e é nomeado por uma tribo de nativos americanos. A associação com o punk rock é um pouco mais difícil de explicar. Os nativos americanos eram guerreiros, e os punks… Bem, os punks… (insira aqui o comentário que achar apropriado).
Mas, originalmente, os Mohawks não adotaram esse penteado como símbolo de rebeldia. Eles foram os pioneiros da ideia porque estavam fartos de terem seu coro cabeludo puxado e rasgado de suas cabeças. Para combater a crescente prática de arrebatar escalpos inimigos no campo de batalha, geralmente realizada através de uma incisão ao redor da linha do cabelo e a puxada do mesmo, os Mohawks se livraram eles mesmos de seu cabelo nos lados da cabeça, deixando apenas uma tira no topo, a qual era tipicamente separada em três grupos e trançada ou decorada. Isto assegurava que ninguém agarrasse seu couro cabeludo. Ou seja, o moicano original era uma medida defensiva puramente lógica e necessária para evitar que parte da sua cabeça fosse arrancada.
2. Lápis de olho
Tendências de maquiagem vêm e vão, mas o lápis delineador preto clássico está aqui para ficar. Todos nós sabemos que a maquiagem hoje não é nada mais do que uma maneira de disfarçar imperfeições (alguém tem uma palavra melhor?), mas, originalmente, por mais incrível que pareça, pintar o rosto tinha um propósito prático.
Você provavelmente já ouviu o boato de que a Cleópatra inventou o delineador, o que obviamente não é verdade, mas de fato tudo começou no Egito antigo. Os antigos egípcios não pintavam os olhos apenas para se sentir bonitos, no entanto, mas para reduzir o brilho do sol estalado africano. Já assistiu a um jogo de futebol americano? É a mesma razão pela qual os jogadores colocam tinta graxa em suas bochechas.
Há também um pouco de evidência de que o delineador serviu a um propósito medicinal. Tempos atrás, infecções oculares bacterianas eram comuns, e o delineador pode ter sido útil para manter moscas e outras sujeiras longe dos olhos.
Além disso, os pesquisadores descobriram recentemente a adição de sais de chumbo na maquiagem dos olhos dos antigos egípcios. Intrigante, já que os sais exigiam um processo trabalhoso para ser criados, além de chumbo não ser geralmente o que uma pessoa razoável colocaria em seu olho. Em seguida, os pesquisadores fizeram alguns testes nos sais e descobriram que eles eram eficazes em matar as bactérias (e possivelmente os egípcios). Difícil acreditar que lápis preto hoje nos ajudaria a melhorar a conjuntivite, mas os antigos egípcios faziam isso, e esses caras inteligentes construíram as belas pirâmides.
1. Terno com botões nas mangas
Você talvez tenha ou não reparado na seção de botões na manga de seu terno. Mas você certamente nunca abriu esses botões (se já, conte-me: por quê?).
Mas, originalmente, as pessoas precisavam mesmo abrir esses botões. Se você estivesse usando um terno no século 19, era muito provável que você de repente precisasse enfiar seu braço até cotovelo no torso de um cara.
Essa seção é na verdade conhecida como “punhos do cirurgião”. Em 1800, homens de alto status social, como médicos, faziam ternos sob medida para as suas necessidades, como arregaçar as mangas para enfiar seu braço no corpo de outra pessoa. E um cavalheiro não removia seu casaco em público, mesmo em caso de emergência – ai, ai, ai, os velhos problemas de status que continuam a imperar em nossa sociedade…
Conforme usar terno tornou-se mais comum e a pessoa usando-o menos propensa a ter que cortar medicamente alguém de uma hora para outra, os alfaiates começaram a colocar alguns botões nos casacos apenas para imitar o estilo. Então, muito parecido com o que acontece com o estilo gola para cima, você está imitando um cirurgião toda vez que usa um terno com botões, e provavelmente nem sabe disso.[Cracked] Natasha Romanzoti
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