segunda-feira, 29 de julho de 2013

Ditadura da Beleza - Cresce adesão ao "rejuvenescimento" íntimo

Sessão Vale Reprise
Matéria originalmente publicada em 19 de novembro de 2012

Técnica que utiliza laser melhora esteticamente a vagina, mas especialistas recomendam quando há necessidade fisiológica 

As mulheres perderam a vergonha e estão correndo atrás de reparar uma área do corpo que não é exibível como uma barriga sarada ou um seio siliconado. A busca de mulheres jovens pelas cirurgias de ''rejuvenescimento íntimo'' é crescente e chama atenção até de especialistas. Matéria publicada pela Folha de São Paulo, recentemente, aponta que nos Estados Unidos já foram feitas mais de 1,5 milhão de cirurgias íntimas, no Reino Unido o número chega a 1,2 milhão e no Brasil houve um crescimento de 50% neste tipo de cirurgia nos últimos dois anos.

A técnica tem algumas indicações médicas, mas observa-se que nem sempre o procedimento é realizado por uma necessidade fisiológica da paciente. O professor titular do Departamento de Tocoginecologia do setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, Almir Antonio Urbanetz, explica que a cirurgia íntima tem duas indicações - uma delas é quando a mulher apresenta incontinência urinária e outra quando há hipertrofia dos lábios genitais, o que dificulta a atividade sexual.

Conforme ele, o envelhecimento da genitália é um fenômeno fisiológico. ''Cerca de quinze ou vinte anos após a menopausa é comum a atrofia tanto da vulva quanto da vagina'', afirma Urbanetz. Ele acrescenta que isso pode prejudicar a relação sexual, mas a utilização de hormônios ou cremes vaginais trazem um bom resultado para a questão. ''A cirurgia não é a única saída, estes cremes solucionam o problema e qualquer ginecologista pode orientar'', complementa.

O médico acrescentou que as sociedades médicas brasileiras e o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia não indicam a aplicação de botox nas partes íntimas e nem a cirurgia de reconstrução do hímen. ''É importante que as pessoas lembrem que qualquer cirurgia tem um risco'', alerta. 

Apesar das indicações médicas claras, há mulheres que querem fazer cirurgia de ''rejuvenescimento íntimo''para melhorar a aparência do órgão genital. ''A questão estética da vagina interfere de forma inconsciente na vida sexual das mulheres'', defende o médico ginecologista Carlos Miranda.

Conforme ele, muitas mulheres desistem da vida sexual por conta da existência de dor, fissuras e sangramentos na hora da relação sexual. A técnica é considerada nova utiliza um aparelho a laser, que melhora o resultado estético, não causa lesões desnecessárias e favorece uma cicatrização rápida.

Com a chegada da menopausa o organismo sofre algumas alterações. A diminuição de alguns hormônios promovem o afinamento das estruturas da vulva e da vagina e tornam a região mais vulnerável. ''O laser também é aplicado com a intenção de fortalecer a pele sem o uso dos hormônios. Ele tem a capacidade de restituir o tamanho e a função normais dos tecidos'', destaca.

Miranda acrescentou que mulheres com cicatrizes de parto ou com verrugas genitais devido ao HPV (uma doença sexualmente transmissível provocada por vírus) também procuram a técnica. O ginecologista diz que são vários os procedimentos que podem ser realizados.

''O rejuvenescimento pode ou não ser cirúrgico, em alguns casos usamos o laser como um peeling para retirar manchas e deixar a pele com aspecto mais jovial''. No entanto, a técnica é indicada para mulheres que têm algum desconforto genital. ''Pode ser um desconforto físico como perda de urina ou sangramento na hora da relação sexual, ou psicológico, que é a insatisfação da mulher com o aspecto da vulva'', explica.

O ginecologista acrescentou que com o passar dos anos a perda de gordura na região genital acaba deixando esta estrutura com aspecto envelhecido. ''Nestes casos, o laser ajuda muito, há situações em que podemos aplicar botox nos lábios genitais, injetar gordura em alguns locais e devolver a bexiga para o local adequado'', comenta. Conforme o médico, no ano passado foram feitos cerca de 100 mil procedimentos semelhantes a este no Brasil. [Folha de Londrina]

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