sábado, 16 de novembro de 2013

No Brasil, celular barato ou é velho ou é ultrapassado

É o que diz Dennis Woodside,  presidente executivo da Motorola
Dennis Woodside, presidente-executivo da Motorola
Desde que foi comprada pelo Google, em 2012, a divisão de celulares da Motorola tem sofrido. Seus balanços apresentam prejuízos milionários, e demissões cortaram 20% da equipe da empresa. Para voltar aos trilhos, uma estratégia é desenvolver novidades para países como o Brasil, acreditando no potencial de produtos mais baratos do que o iPhone.

Em entrevista à Folha, o CEO global da empresa, Dennis Woodside, fala do novo produto -o Moto G-, que por R$ 650 seria uma alternativa. Segundo Woodside, a maior parte dos brasileiros fica refém de produtos ruins ou modelos antiquados oferecidos pela Apple e pela Samsung. É assim, diz ele, que a Motorola vai sair do vermelho.

Folha: A Motorola Mobile tem tido resultados ruins. No último trimestre, foram US$ 248 milhões. No ano passado, US$ 192 milhões. Isso vai mudar ou o Google considera prejuízo como investimento?

Dennis Woodside: Nós vimos isso como um investimento, sim. Creio que o mercado de internet móvel tem muito potencial pelo mundo.
Utilizamos o ano passado para arrumar as coisas. Temos agora novos produtos, e a prioridade é voltar a crescer.

Folha: Então a empresa não pretende demitir mais? Desde a compra, no ano passado, foram 4.000 pessoas, 20%.

Dennis Woodside: Não. O plano é crescer.

Folha: A companhia está lançando um novo produto no Brasil?

Dennis Woodside: Sim, é o Moto G. O Brasil é um mercado muito importante para nós. Hoje, no Brasil, se você quer um bom celular, precisa pagar caro por um iPhone ou um Galaxy S4. Se não, fica preso a duas opções. Uma é comprar um celular barato, montado com tecnologias ultrapassadas, sem poder usar o Skype ou a última versão do Google Maps.

A outra escolha é comprar um telefone velho, que foi lançado nos EUA há três anos e já está fora de mercado. É o modelo da Apple. O iPhone 3G e o iPhone 4, por exemplo. Nosso objetivo é criar uma terceira opção. Um celular com um preço acessível que não deixa a desejar em qualidade ou desenho. Esse é o Moto G. Ele está sendo lançado em São Paulo, e vamos oferecê-lo no México, na Argentina, no Chile, na Europa.

Folha: Mas há um componente de status em comprar um celular caro também, não?

Dennis Woodside: Acho que há um mercado para todos. O Moto X é um exemplo de produto mais caro. O Moto G é mais barato, mas tem alta qualidade.

Folha: Sobre isso, a Motorola tem investido muito em reconhecimento de voz, por exemplo. O Moto G vai ter tudo isso?

Dennis Woodside: O Moto X oferece um sistema em que você não precisa nem encostar no celular para que ele reconheça a sua voz e faça o que você quer. Para o Moto G, não temos esse controle total, mas você pode abrir o sistema que reconhece voz e falar com ele.

Folha: Além do reconhecimento de voz, para onde irá a tecnologia dos smartphones?

Dennis Woodside: Reconhecimento de voz vai ser mais e mais importante. Outra coisa é a compreensão de gestos. O Moto X, por exemplo, sabe que, se eu o agito de certa maneira, ele desliga a sua câmera.

Folha: A Samsung tem tido muito sucesso com o Android, sistema operacional do Google, agora dono da Motorola. Não há um conflito de interesses aí?

Dennis Woodside: Não. Trabalhamos com separação das operações. Folha.UOL

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