domingo, 9 de outubro de 2011

OUSADIA - Joumana Haddad...

Sou grande admiradora dessa mulher!!! Descubra o porque sabendo um pouco da sua trajetoria!
--- Joumana Haddad, 41, jornalista, tradutora e poeta erótica, não admite ser encaixada no estereótipo da mulher árabe. Submissão e recato, nem pensar. A libanesa domina com desembarco sete línguas. E exuberante. Apaixonada por livros, prepara-se para fazer doutorado em tradução literária. Editora do principal Jornal do Líbano. An-Nahar, ela também e criadora da revista Jasad (corpo, em árabe). A revista, ousada ate para os padrões mais liberais, abrange assuntos como masturbação, homossexualidade e poligamia e e vendida lacrada, para evitar qualquer tipo de censura. As ameaças contra seu trabalho essas tem sido inevitáveis. A forca de Joumana parece ter vindo da dura realidade vivida durante a guerra civil libanesa (1975-1990). Como tantas outras adolescentes em Beirute, não teve alternativas de lazer a não ser os livros. Mergulhou nas obras de Balzac, Victor Hugo, Marques de Sade. Casou-se aos 19. Abandonou o curso de medicina depois de dois anos para se formar em letras. E mãe de dois filhos, um de 11 e outro de 18. O ultimo atrevimento da jornalista-poeta foi matar a mais famosa personagem da literatura árabe - talvez uma das mais conhecidas da literatura universal. Na obra Eu Matei Sherazade, que esta sendo lançada no Brasil, Joumana critica a protagonista de As Mil e Uma Noites. Em entrevista feita por email para a revista CRIATIVA, ela afirma que Sherazade ensina as mulheres a fazerem "concessões e negociacoes sobre seus livros". Confira:

1- Você diz que os ocidentais se prendem ao estereótipo da  mulher árabe reprimida. A culpa e só da midia ou há algo  a mais por trás disso?
A midia tem grande participação nisso. Existe uma atenção especial a imagem de vitima. Não que o "estereótipo da oprimida". não seja verdade. Infelizmente, e. Mas também há outra mulher árabe, independente, livre, emancipada. Ela merece ser ouvida.

2- Você acredita na existência de uma típica mulher "árabe", "latina", "europeia"?
Acredito na existência de indivíduos. Claro que há diferenças entres nos, e e importante que protejamos e celebremos essas diferenças. Mas não podemos ser rotuladas com base nelas. A essência de cada pessoa e única.

3- O titulo e chocante para quem acredita na astucia de Sherazade [a personagem engana o rei, que matava todas as suas esposas, ao contar historias que só acabam no dia seguinte]. Você diz que nunca gostou dela por não ter sido rebelde. Se ela se rebelasse, não teria morrido?
Eu disse que essa forma de sobrevivencia e compreensivel na época em que as historias foram escritas [entre os séculos 9 e 14, estima-se]. Mas não hoje. Nos não deveríamos negociar nossos direitos mais básicos, e muitas vezes fazemos isso espontâneamente. Existem tantas Sherazades modernas, não só no Oriente, mas também no Ocidente. As mulheres fazem concessões de diferentes formas, e nos devemos lutar contra aquela negociadora que existe em nos.

4- A obra As Mil e Uma Noites tem como conteúdo erótico. O isla, em geral, permite o prazer sexual. Isso a influenciou a fazer poesia erótica ou você teve outras referencias, como os livros do Marques de Sade?
O Isla permite que os homens façam sexo por prazer, sob o "Zawaj al Mutaa" [ou "casamento temporário", uma instituição bastante controversa entre mulcumanos xiitas]. Os direitos da mulher nesses casamentos são quase mínimos. Elas são usadas e podem ser descartadas a qualquer hora. Sou de uma família crista conservadora e acredito que tanto o islamismo quanto o cristianismo negam as mulheres sua liberdade e seu direitos sexuais.

5- Você cita muito feministas árabes, como a marroquina Fátima Mernissi . e a egípcia Nawal Al-Saadawi. O que aprendeu com elas?
Não concordo com todo o discurso delas. Não acredito, por exemplo, no que Mernissi chama de 'feminismo islamico' [segundo Mernissi, todas as instituicoes sexuais islâmicas, como poligamia, podem ser vistas como uma estratégia para conter o poder das mulheres em vez de uma forma de poder dos homens]. Apesar disso, elas e outras mulheres que se levantaram a favor de sua feminilidade tem sido uma grande inspiração para mim.

6- Como suas conterrâneas reagiram ao livro? Era sua intenção convoca-las para que lutassem contra suas condicoes?
Essa foi uma de minhas intencoes. E, como acontece com tudo o que eu digo e faço, algumas mulheres me agradeceram por dizer e fazer o que elas não ousavam dizer nem fazer. Outras não suportaram minha franqueza.

7- O que você diria a elas para que mudassem sua realidade?
Não e estranho que só as mulheres tenham de usar o véu? Já viu um homem usando uma burca? Por que você tem que ser a única a carregar essas marcas tradicionais? Isso e absurdo e humilhante e e usado para controlar você. Defenda-se e lute pelo direito de ser igual aos homens!

8- Você vê o uso do hijab e de roupas islâmicas como um sinal de que as muçulmanas são oprimidas?
Acho que o hijab [véu que cobre apenas os cabelos] e um sinal de controle sobre sobre as mulheres. Mas também acho que a superexposicao do corpo feminino, como muitas vezes vemos no Ocidente, e um sinal de opressão. Ambos os extremos suprimem a identidade e a dignidade das mulheres.

9- Por que acha que mais mulheres optam por ser cobrir hoje do que em décadas passadas?
Isso resulta do poder crescente do Isla e do extremismo religioso no mundo árabe. E e uma  reacao defensiva aquilo que e erroneamente entendido como "invasão ocidental" nos valores  tradicoes e árabes.

10- Com tem sido editar a Jasad [ veja capas abaixo]? E verdade que você foi ameaçada de morte?
A revista aborda a corpo de mulheres e de homens e e lida por ambos. Eu a criei para ajudar a quebrar tabus absurdos que temos nas sociedades e culturas árabes. Recebi muitas ameaças no começo e ainda tenho uma dose diária de insultos. Mas não sou do tipo que se intimida com falicilade.


Palmas para ela!!!
Eu acabei de ler e super recomendo - Autobiografia de tom literaio mostra ímpeto da mulher árabe!
Editora Record.
R$ 29,90.

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