terça-feira, 20 de setembro de 2011

A natureza em cores de Van Gogh...

"Autorretrato com chapéu de palha". Óleo sobre tela (1887)
Fiz uma micro biografia de um dos artistas que mais admiro e por inúmeros motivos, sempre me identifiquei com seu trabalho inspirado também  na natureza, pela sua paixão pela vida, por seus princípios, sua fé e dedicação pela religião, por ter em seu irmão um grande amigo e confidente... por sua simplicidade e bondade. E claro por ter nos deixado uma linda mensagem e lição de vida!!!   Vicent William Van Gogh nasceu em Groot-Zundert, Holanda, em 30 de março de 1853. A família Van Gogh era formada por pastores, comerciantes de obras de arte ou trefiladores de arte ou trefiladores de ouro, geralmente bem-sucedidos. Os Van Gogh padeciam de uma fragilidade psicológica, atestada pelo menos em duas gerações. O pai de Van Gogh era um bondoso pastor protestante, de situação financeira modesta e que gostava de caminhar nos campos e examinar com atenção pequenas flores e plantas. A mãe era de uma família de encadernadores e tinha uma espantosa facilidade em escrever cartas, uma prodigiosa habilidade com o lápis e o pincel, e adorava a natureza. Observador arguto, na infância Van Gogh era fascinado pelas flores raras, tinha paixão por insetos e animais e os colecionava como um naturalista, examinando os menores detalhes de sua anatomia. Essa relação com a natureza, estabelecida desde a infância, fundamentaria sua arte. A leitura também era uma de sua paixões. Desde jovem, formou seu espírito no contato com os livros e com a natureza. Apesar de ter cinco irmãos mais novos, era com Théo que ele tinha uma relação profunda. Confidentes, os dois correspondiam-se através de cartas, hábito comum que Van Gogh mantinha com aproximadamente três pessoas. Foi por meio delas que os pesquisadores conseguiram resgatar muitos aspectos do seu trabalho e da sua vida: o fervor religioso, o duro aprendizado e, finalmente, a libertação da maneira de pintar. O ano de 1886 foi de  extrema importância em sua carreira. Transferiu-se para Paris. Conheceu, nova cidade, importantes pintores como Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin e Edgar Degas. Foi também na capital francesa que conheceu melhor as gravuras japonesas. Na época, muitos artistas tornaram-se colecionadores das gravuras japonesas. E muitos artistas tornaram-se colecionadores das gravuras de Hokusai, Hiroshigue e Utamaro. Van Gogh amava a arte japonesa, com sua simplicidade nas cores e nas composições, principalmente as xilogravuras. Daí nasceu o impressionismo da primeira e da segunda fase. Foi nessa época que surgiram sucessivamente, os gênios como: Cezanne, Van Gogh, Gauguin e Renoir e desde então, foi criado o estilo de pintura moderna." Em Paris, Van Gogh fez vários desenhos tendo as estampas japonesas como referência. Elas transformaram-se num estímulo importante, tanto moral quanto estética, para o desenvolvimento de sua arte. Nessa época, afastou-se do ambiente urbano parisiense para buscar, no sul da França, a claridade ampla e a cor luminosa, elementos que reconhecia e admirava na arte japonesa. A escolha por Arles foi perfeita. Escreveu: "Meu caro irmão, saiba que me sinto no Japão. (...) Ora, não é quase uma verdadeira religião o que nos ensinam estes japoneses tão simples, que vivem na natureza como se eles próprios fossem flores?" Para ele, a realidade da natureza era portadora de felicidade. "Não é a emoção, a sinceridade do sentimento da natureza que nos impele?", registrou em uma de suas cartas. O ritmo da sua produção ultrapassa o entendimento. Van Gogh pinta como uma locomotiva, como ele próprio disse. "Tenho atualmente a lucidez ou a cegueira de um apaixonado pelo trabalho..." "Quando a natureza é tão bela como nestes dias, sinto ás vezes uma lucidez terrível, então não me reconheço mais e o quadro me vem com num sonho. Estou trabalhando feito louco, pois as árvores estão em flor e eu gostaria de fazer um pomar da Provença, de uma alegria monstruosa". A cor e a luz em Van Gogh traduzem o que se sente e o que se vê. "A cor aqui é realmente muito bela. Quando o verde é novo, é de uma riqueza como raramente vemos no Norte, um verde apaziguador. Quando está crestado, coberto de poeira, nem por isso se torna feio, mas a paisagem adquire, então, tons dourados de todos os matizes (...)quanto ao azul, ele vai do azul-royal mais profundo na água até o azul-miosótis, ao cobalto, sobretudo ao azul transparente, ao azul-verde, ao azul-violeta". Van Gogh dizia que pretendia encontrar "o modo de experimentar algo tranquilizador e alentador para que ninguém se sentisse culpado ou infeliz". Imaginava a pintura como a música executada com a emoção de uma prece. "Tenho a terrível necessidade de uma religião. Então, saio  noite a fora pintar as estrelas. Eu confesso não saber a razão, mas olhar as estrelas sempre me faz sonhar". A proclamada loucura de Van Gogh tornavase cada vez mais diluída diante da forte personalidade desde homem singular, como mostra depoimentos  como o de Paul Signac: "quando terminava sua jornada diária, depois de passar o dia inteiro sob o sol abrasador e um calor tórrido, costumava se sentar na varanda de um café, já que não tinha um verdadeiro lar. E os absintos e brandies se sucediam rapidamente. Como seria possível resistir? Quase não comia. Era o encanto personificado. Amava a vida de forma apaixonada. Era uma pessoa ardente e boa". "Tenho muita dificuldade de pintar por causa do vento, costumava afirmar o artista, mas prendo meu cavalete com estacas no chão e trabalho assim mesmo, é bonito demais. Quando preciso pintar onde ele sopra, ás vezes sou obrigado a por a tela diretamente no chão e trabalhar de joelhos..."De joelhos, curvado á natureza, mãe de sua Arte, a genialidade de Van Gogh perdura. Seu sentimento de amor e de celebração se expande, além do vento nos campos dourados, eternizado em suas telas.

"A ponte debaixo de chuva". Óleo sobre tela (1887), cópia de obra de Ando Hiroshigue.
"Noite estrelada" - óleo sobre tela (1889).

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