Imune ao sobe e desce da moda, Christian Louboutin celebra seus 20 anos de carreira com livro e exposição...
Alardeada volta da estética Manolo Blahnik (saltos delicados, sapatos femininos) não lhe faz cócegas. O hype de Charlotte Olympia ou Nicholas Kirkwood também não lhe causa sequer um movimento de sobrancelha de preocupação. Do alto de seu império, o francês Christian Louboutin reina tranquilo. Está acima das intempéries e dos humores da moda. Baixinho, mignon, simpático e acessível, ele conversou com Vogue sobre vida, obra, falta de cabelos e os 20 anos de carreira, comemorados com um livro (que ele veio ao Brasil lançar) e uma exposição retrospectiva em Londres, no Design Museum, que estreia em 28 de março. Confiram:
1- O que o Brasil tem que os outros países não têm?
É fácil de sentir, mas difícil de explicar. Amo o País. Vou tanto ao Rio que já criei uma rotina quando estou por lá. Corro todos os dias no calçadão, termino comendo açaí (sempre tento convencer os amigos que me acompanham a fazer o mesmo, mas eles acham açaí estranhíssimo). Este mês, desfilo numa escola de samba carioca pela primeira vez. Estou muito, muito animado para estrear na Sap...como diz, mesmo? Ah, sim, Sapucaí.
2- Você faz muitas parcerias com estilistas. Qual deles foi mais fácil de trabalhar? E o mais difícil?
Fiz os sapatos do desfile de despedida de Yves Saint Laurent, em 2002. Fico emocionado só de lembrar. Um artista sensível, um estilista com talento imenso. Foi tranquilo - como sempre é trabalhar com um gênio que sabe o que quer. Agora, o mais difícil... Não posso revelar nomes, mas uma figura bastante conhecida no mundo da moda, tido com um intectual do métier, me deu muito trabalho recentemente. Acredita que ele me acusou de ser um ditador por obrigar as mulheres a andar sobre saltos? Bem, ele estraga as mulheres, apaga suas formas. Eu, pelo menos, as embelezo.
3- Que sapato você adoraria ter criado?
Havaianas. Já perdi a conta do número de pares que tenho.
4- Qual a pergunta que você não aguenta mais responder?
Sobre a sola vermelha... mas, olha, sempre respondo educadamente. Ás vezes estou há mais de oito horas autografando livros e ainda assim, sorrindo, atendendo ás pessoas. É o mínimo. Tem atrizes por aí que não toleram tirar foto com fã, dar autógrafo. Sem comentários.
5- Você mima muito as celebridades, presenteando-as com peças da coleção?
Acho que esse business gira em torno do desejo. Se você, por exemplo, envia a coleção inteira para uma celebridade, mata esse desejo, o trabalho perde o valor. E celebridades são mulheres. Se você passa do ponto, dá muitos pares, a coisa perde a graça e elas repassam tudo para as assistentes. Sabe o que faço? Se ela compra um par, dou outro de presente.
6- Tem alguma coisa que a gente não faz idéia sobre você?
Que eu adoro rugby e trapézio. E que eu sou mais frágil no amor do que gostaria.
7- Quando você pisa em ovos?
Ao falar sobre sexualidade. Principalmente com meus sobrinhos, que são adolescentes. É preciso muita sensibilidade para encontrar o tom certo: verdadeiro, mas imparcial.
8- Qual é seu maior defeito?
A falta de cabelo? Também sou péssimo fisionomista. Há pouco tempo, estava autografando meus livros na Barneys, em Nova York, e fiquei perturbado com a presença de um homem lindo na fila. Quando ele chegou perto, não resisti: "Seu rosto é familiar. Nos conhecemos?". Era meu instrutor na academia de ginástica! Quando eu vejo uma pessoa fora do contexto, não lembro mesmo...
Por: Monica Salgado.
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