segunda-feira, 8 de julho de 2013

Brasil: o país dos 100 milhões de raios

No ranking dos relâmpagos, o Brasil é campeão mundial, e os nossos ainda são de carga positiva, os mais perigosos



Dos 3,15 bilhões de raios que golpeiam a Terra e seus habitantes durante um ano, 100 milhões deles vêm desabar em terras brasileiras. O número, divulgado no ano passado por uma equipe de cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos, São Paulo, não é superado por nenhum outro país. E ficou bem acima das estimativas que davam conta de 30 milhões ao ano. Agora, sabemos com segurança: em quantidade de relâmpagos, ninguém segura este país.

Mas a pesquisa do INPE vai muito além de contar faíscas no céu. Desde 1989, num trabalho que usa enormes balões — do tamanho de prédios de 20 andares —, o Instituto vem medindo a carga elétrica das nuvens e dos relâmpagos que atingem a Região Sudeste. Para isso, os balões levam sensores elétricos, sensores de raios X e até máquina fotográfica e câmera de vídeo. Registram tudo o que acontece a 30 quilômetros de altura.

Tanta investigação acabou encontrando as particularidades dos raios brasileiros, que são diferentes dos que caem em outros lugares. “Sessenta por cento dos que atingem a Região Sudeste, em alguns dias do verão, têm carga positiva”, diz Iara Cardoso de Almeida Pinto, geofísica espacial, que juntamente com o marido, o também geofísico espacial Osmar Pinto Jr., comanda a pesquisa. Outra surpresa, pois 90% dos raios do mundo têm carga negativa.

Um detalhe: raios positivos são, geralmente, mais destrutivos. Embora os relâmpagos sejam mais frequentes dentro das nuvens do que das nuvens para o solo, os mais estudados são justamente estes, que vêm bater no chão — os mais ameaçadores.

Um paulista tem 110 vezes mais chance de ser atingido por um raio que um potiguar


Nenhum outro indicador econômico ou social deixa mais distantes as cidades de São Paulo, a mais rica do país, e Natal, a capital potiguar, do que a quantidade de raios que caem em cada uma delas.

A chance de um paulistano ser vítima de uma descarga elétrica vinda dos céus é 110 vezes maior que um natalense.

No Brasil, caem em média 7 raios por quilômetro quadrado por ano. Desde 2000, mais de 1.500 pessoas morreram vítimas de descargas elétricas. A maioria delas no período do verão.

A urbanização é um dos vilões que atraem raios. Por isso, as capitais - normalmente as mais desenvolvidas e populosas de seus estados - atraem a atenção das tempestades. As localizadas próximas ao mar, no entanto, tendem a sofrer menos – ou nada – com o problema.

Confira as capitais em que é preciso ficar mais atento com as luzes repentinas que vêm do céu. Os dados são do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

1ª Campo Grande (MS) - Risco muito alto

Raios por km2/ano: 14 (muito alto)
Número total de raios: 109.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 2 vezes maior
Número de mortos (desde 2000): 8

2ª Manaus (AM) - Risco muito alto

Raios por km2/ano: 13 (muito alto)
Número total de raios: 155.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 2 vezes maior (aprox.)
Número de mortos (desde 2000): 16 (1ª dentre todas as cidades)

3ª Belém (PA) - Risco muito alto

Raios por km2/ano: 13 (muito alto)
Número total de raios: 15.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 2 vezes maior (aprox.)
Número de mortos (desde 2000): 6

4ª Palmas (TO) - Risco muito alto

Raios por km2/ano: 12 (muito alto)
Número total de raios: 26.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,7 vez maior
Número de mortos (desde 2000): 0

5ª São Paulo (SP) - Risco alto

Raios por km2/ano: 11 (alto)
Número total de raios: 17.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,6 vez maior
Número de mortos (desde 2000): 14 (2ª maior do Brasil)

6ª Cuiabá (MT) - Risco alto

Raios por km2/ano: 11 (alto)
Número total de raios: 37.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,6 vez maior
Número de mortos (desde 2000): 5

7ª Goiânia (GO) - Risco médio

Raios por km2/ano: 7 (médio)
Número total de raios: 5.500
Probabilidade em relação ao Brasil: igual
Número de mortos (desde 2000): 4

8ª Curitiba (PR) - Risco médio

Raios por km2/ano: 7 (médio)
Número total de raios: 3.100
Probabilidade em relação ao Brasil: igual
Número de mortos (desde 2000): 0

Belo Horizonte (MG) - Risco médio

Raios por km2/ano: 7 (médio)
Número total de raios: 2.200
Probabilidade em relação ao Brasil: igual
Número de mortos (desde 2000): 3

10ª Porto Velho (RO) - Risco médio

Raios por km2/ano: 7 (médio)
Número total de raios: 225.000
Probabilidade em relação ao Brasil: igual
Número de mortos (desde 2000): 4

11ª Porto Alegre (RS) - Risco médio

Raios por km2/ano: 7 (médio)
Número total de raios: 3.300
Probabilidade em relação ao Brasil: igual
Número de mortos (desde 2000): 0

12ª Rio de Janeiro (RJ) - Risco médio

Raios por km2/ano: 7 (médio)
Número total de raios: 7.700
Probabilidade em relação ao Brasil: igual
Número de mortos (desde 2000): 8

13ª Rio Branco (AC) - Risco médio

Raios por km2/ano: 6 (médio)
Número total de raios: 49.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,2 vez menor
Número de mortos (desde 2000): 2

14ª Brasília (DF) - Risco médio

Raios por km2/ano: 6 (médio)
Número total de raios: 31.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,2 vez menor
Número de mortos (desde 2000): 9

15ª Boa Vista (RR) - Risco médio

Raios por km2/ano: 5 (médio)
Número total de raios: 29.500
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,4 vez menor
Número de mortos (desde 2000): 4

16ª Teresina (PI) - Risco médio

Raios por km2/ano: 5 (médio)
Número total de raios: 6.500
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,4 vez menor
Número de mortos (desde 2000): 3

17ª Florianópolis (SC) - Risco médio

Raios por km2/ano: 5 (médio)
Número total de raios: 3.050
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,4 vez menor
Número de mortos (desde 2000): 1

18ª São Luís (MA) - Risco médio

Raios por km2/ano: 4 (médio)
Número total de raios: 3.700
Probabilidade em relação ao Brasil: 1,75 vez menor
Número de mortos (desde 2000): 6

19ª Vitória (ES) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 2 (baixo)
Número total de raios: 150
Probabilidade em relação ao Brasil: 3,5 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 0

20ª Salvador (BA) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 1 (baixo)
Número total de raios: 800
Probabilidade em relação ao Brasil: 7 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 5

21ª Fortaleza (CE) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 0,5 (baixo)
Número total de raios: 150
Probabilidade em relação ao Brasil: 14 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 0

22ª Macapá (AP) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 0,3 (baixo)
Número total de raios: 2.000
Probabilidade em relação ao Brasil: 23 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 0

23ª Maceió (AL) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 0,3 (baixo)
Número total de raios: 200
Probabilidade em relação ao Brasil: 23 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 0

24ª Aracaju (SE) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 0,3 (baixo)
Número total de raios: 45
Probabilidade em relação ao Brasil: 35 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 0

25ª Recife (PE) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 0,2 (baixo)
Número total de raios: 30
Probabilidade em relação ao Brasil: 35 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 1

26ª Natal (RN) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 0,1 (baixo)
Número total de raios: 25
Probabilidade em relação ao Brasil: 70 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 0

27ª João Pessoa (PB) - Risco baixo

Raios por km2/ano: 0,1 (baixo)
Número total de raios: 25
Probabilidade em relação ao Brasil: 70 vezes menor
Número de mortos (desde 2000): 0


Para ver as 100 cidades brasileiras mais atingidas por raios todos os anos, continue lendo




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